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domingo, 6 de março de 2016

O Harém de Kadafi - Annick Cojean

Olá, pessoal!! 

A resenha de hoje é de um livro que trata de um assunto forte e o faz de maneira direta, sem ocultar nem amenizar as crueldades nele relatadas.
Foi escrito pela jornalista francesa Annick Cojean e a escrita do livro, para mim, foi maçante. Eu sempre esperava algo acontecer para impulsionar a leitura, mas nunca acontecia esse ápice, então foi um livro que eu demorei um tempinho para conseguir ler. 



Bem, o livro desvenda a história por trás das amazonas de Kadafi, nome das mulheres que compunham o seu exército, e o que acontecia dentro de Bab Azizya, local no qual Kadafi morava em Trípole.  

É relatado a história de Soraya que após receber uma visita do ditador na sua escola, teria sido escolhida por ele e sequestrada da sua família para ser mais um integrante do seu harém. 
''Apertou levemente meu ombro e pousou a mão sobre minha cabeça, acariciando-me os cabelos. E minha vida terminava aí. Pois esse gesto, como vim a saber mais tarde, era um sinal a suas guardas-costas que significava: ''Esta aqui, eu a quero!'' 

A partir desse momento, Soraya, com apenas 15 anos, perde a sua infância e é abusava e agredida diversas vezes pelo ditador, além de ser forçada a ingerir álcool e cheirar cocaína. 
De repente, quem ela admirava, tinha se transformado em um monstro e ele destruiria sua vida para sempre. 
''Eu jamais vou esquecer. Ele profanava meu corpo, mas era minha alma que transpassava com um golpe de punhal. A lamina jamais saiu.''

Kadafi era um sádico que abusava de crianças, mulheres e homens. Além de utilizar do sexo como arma de poder, quando se encontrava com rainhas, princesas, mulheres de ministros, famosas e, nesses momentos, ele se sentia superior aos demais, principalmente, quando essas mulheres eram esposas de seus inimigos políticos. 



Além disso, o livro revela que as mulheres que integravam o seu exército, as amazonas, eram mulheres que também era abusadas por ele e algumas relatam que teriam sido obrigadas a compor o exército de Kadafi, que o acompanhava sempre em suas viagens internacionais e chamava atenção por onde passava por ser composto apenas por mulheres. Ao contrário do que alguns pensavam, ele não era feminista, mas, sim, um homem que utilizava do seu poder para satisfazer seus desejos sádicos. 



Se o estupro já é um assunto delicado de se tratar, que dirá na Líbia, país em que o estupro traz vergonha para toda a família, até mesmo para toda a aldeia. Muitas das mulheres que foram abusadas por ele e pelos soldados dos exércitos líbios tiveram de recorrer a himenoplastia para que, assim, pudessem casar e tentar seguir suas vidas. Desse modo, essa realidade se encontra enterrada, ainda mais porque pode trazer a vergonha para toda uma nação.
''Se o estrupo de uma jovem causa a desonra de sua família como um todo, em especial a dos homens, a violação de milhares de mulheres pelo antigo dirigente do país só poderia suscitar a desonra de toda a nação. Ideia dolorosa demais.''

Quero deixar aqui o link de uma matéria muito interessante da Folha de São Paulo, feita em 2011, que retratada justamente dessa questão do estupro na Líbia.

Espero que tenham gostado da resenha, como eu já disse, a escrita do livro não é das melhores, mas é muito válido ler e exige de nós uma grande maturidade.


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