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terça-feira, 19 de junho de 2012

Análise do conto “O gato preto”, de Edgar Allan Poe

  
Narrado em primeira pessoa, O gato preto, de Edgar Allan Poe, trata da história de um homem simples que adorava animais e que desenvolve no decorrer da narrativa uma postura doentia, um espírito perverso capaz de atitudes com requinte de crueldade. Poe envolve o leitor numa atmosfera de suspense e obscuridade, causando sobressaltos e gerando uma sensação estranha de terror.
Depreende-se, assim, com a leitura do conto que Poe trabalha com maestria os mistérios da morte e da loucura, aprofundando-se em certos estados da mente humana, como se pode observar quando o narrador-personagem define suas alterações de personalidade que ocorrem ao longo do conto, desde as pequenas alterações à perda total do controle emocional e psíquico, sendo este último estado piorado pelo consumo abusivo de álcool. Como quando narra: Uma fúria demoníaca apoderou-se, instantaneamente, de mim. Já não sabia mais o que estava fazendo.(...) Tirei do bolso um canivete, abri-o, agarrei o pobre animal pela garganta e, friamente, arranquei de sua órbita um dos olhos! Nessa mesma linha de pensamento, Poe analisa a natureza humana em suas diversas nuances, fazendo uma reflexão sobre as mazelas psicológicas às quais estão sujeitos todos os seres humanos. A neurose que leva o personagem a cometer tantas atrocidades, que contrastam com maior parte de sua vida, na qual era um sujeito pacato e sociável. Este contraste se evidencia na seguinte parte do texto: Não só descuidei-me de mim, de minha mulher e de meus bichos, como os maltratava com a maior crueldade. Ou ainda neste trecho, onde fica claro a insanidade latente que o faz atribuir ao gato as conseqüências de seus atos: O gato que me levara ao crime e cuja voz delatora me havia entregue ao carrasco. Desta forma, independente de trabalhar com os impulsos primitivos que regem o caráter do homem, o que há em Edgar Allan Poe é um talento narrativo e uma forma criadora que seleciona cuidadosamente todos os elementos textuais. Do bicho ao nome concedido a ele, Plutão, que representa o deus dos infernos, o Hades. O gato preto está repleto de simbolismos, seu texto pesado, mistura um misticismo, validado tanto pela mitologia grega quanto pela superstição popular e ainda concentra conceitos das teorias de Freud, como o inconsciente e o recalque.Poe escreve com bastante rigor e precisão, dando a sua narrativa um tom racional, porém recheando-a de situações inusitadas só possíveis no realismo fantástico. Nesta história, gato e homem interagem, mas nada se dá ao acaso, nota-se uma forte relação de causa e efeito, onde os instintos animais afloram e revelam a essência do bicho homem.

Via: http://www.beatrix.pro.br/literatura/o_gato_preto.html
 Adaptação:  http://www.youtube.com/watch?v=po_T90CthjI&feature=related

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