Narrado em primeira pessoa, O gato preto, de Edgar Allan Poe, trata da
história de um homem simples que adorava animais e que desenvolve no
decorrer da narrativa uma postura doentia, um espírito perverso capaz de
atitudes com requinte de crueldade. Poe envolve o leitor numa atmosfera
de suspense e obscuridade, causando sobressaltos e gerando uma sensação
estranha de terror.
Depreende-se, assim, com a leitura do conto que
Poe trabalha com maestria os mistérios da morte e da loucura,
aprofundando-se em certos estados da mente humana, como se pode observar
quando o narrador-personagem define suas alterações de personalidade
que ocorrem ao longo do conto, desde as pequenas alterações à perda
total do controle emocional e psíquico, sendo este último estado piorado
pelo consumo abusivo de álcool. Como quando narra: Uma fúria
demoníaca apoderou-se, instantaneamente, de mim. Já não sabia mais o que
estava fazendo.(...) Tirei do bolso um canivete, abri-o, agarrei o
pobre animal pela garganta e, friamente, arranquei de sua órbita um dos
olhos! Nessa mesma linha de pensamento, Poe analisa a natureza
humana em suas diversas nuances, fazendo uma reflexão sobre as mazelas
psicológicas às quais estão sujeitos todos os seres humanos. A neurose
que leva o personagem a cometer tantas atrocidades, que contrastam com
maior parte de sua vida, na qual era um sujeito pacato e sociável. Este
contraste se evidencia na seguinte parte do texto: Não só descuidei-me de mim, de minha mulher e de meus bichos, como os maltratava com a maior crueldade. Ou ainda neste trecho, onde fica claro a insanidade latente que o faz atribuir ao gato as conseqüências de seus atos: O gato que me levara ao crime e cuja voz delatora me havia entregue ao carrasco.
Desta forma, independente de trabalhar com os impulsos primitivos que
regem o caráter do homem, o que há em Edgar Allan Poe é um talento
narrativo e uma forma criadora que seleciona cuidadosamente todos os
elementos textuais. Do bicho ao nome concedido a ele, Plutão, que
representa o deus dos infernos, o Hades. O gato preto está
repleto de simbolismos, seu texto pesado, mistura um misticismo,
validado tanto pela mitologia grega quanto pela superstição popular e
ainda concentra conceitos das teorias de Freud, como o inconsciente e o
recalque.Poe escreve com bastante rigor e precisão, dando a sua
narrativa um tom racional, porém recheando-a de situações inusitadas só
possíveis no realismo fantástico. Nesta história, gato e homem
interagem, mas nada se dá ao acaso, nota-se uma forte relação de causa e
efeito, onde os instintos animais afloram e revelam a essência do bicho
homem.Via: http://www.beatrix.pro.br/literatura/o_gato_preto.html
Adaptação: http://www.youtube.com/watch?v=po_T90CthjI&feature=related
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ResponderExcluirqual tema central?
ResponderExcluirEm que tempo ocorre o conto?
ResponderExcluirE indeterminado
ResponderExcluironde ocorre o conto?
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