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sábado, 27 de dezembro de 2014

Soneto de Separação - Vinícius de Moraes


De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.


De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


Vinícius de Moraes





segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

XI Bienal Internacional do Livro do Ceará


Olá!!!
Passei um tempo sem escrever devido o fim de ano letivo e o Enem, porém estou aqui de férias e vim falar de um evento super especial para quem assim como eu e, certamente, você também que amamos ler vai adorar. 



A XI Bienal Internacional do Livro do Ceará começou este mês ( dezembro/2014) no dia 6 (sexta) e se realiza até o dia 14 (domingo), acontece no Centro de Eventos do Ceará- Fortaleza (CE), entrada gratuita com funcionamento  das 9hrs às 22hrs. 

Pode-se encontrar uma infinidade de livros para os mais diversos públicos. Livros infantis, juvenis, biografias, cordéis e até acadêmicos. E os homenageados são Moreira Campos e Milton Hatoum.


"A ideia é contemplar, com destaque e visibilidade, tanto autores, editoras e livreiros locais quanto nomes e empresas consagrados no cenário nacional, além de escritores internacionais", destaca a secretária adjunta da Secult, Ana Márcia Diógenes.

''A literatura de cordel tem lugar garantido no coração de todo nordestino e a XI Bienal Internacional do Livro do Ceará não ignorou isso. O evento terá novamente a Praça do Cordel, espaço destinado exclusivamente para abrigar cortejos, recitais, apresentações musicais, oficinas, lançamento de livros entre outras manifestações da cultura cordelista.'' Via site da Bienal do livro, aqui.



Também haverão visitações escolares para as que se interessam em participar. Na última realização desse evento no ano de 2012 cerca de 30 mil alunos e profissionais da rede estadual foram ao evento. 



Algumas das atrações da Bienal 2014 são Bia Bedran, Thalita Rebouças, Luiz Tatit, José Miguel Wisnik, dentre outros. 



Já fui no primeiro dia para conferir tudo e foi muito bom estar cercada por tantos livros e autores bons. E vale ressaltar que achei os preços desse ano bem melhores quando comparados à bienal anterior. O primeiro dia não foi muito lotado, mas acredito que nos próximos dias haverá bem mais visitantes. 

Confira a programação através do site oficial ou no facebook  e pelo twitter da Bienal.


  • XI Bienal Internacional do Livro do Ceará

Data: 06 a 14 de dezembro de 2014

Local: Centro de Eventos do Ceará – Fortaleza (CE)

Horário de Visitação: das 9 horas às 22 horas

Entrada gratuita



terça-feira, 7 de outubro de 2014

Eu, etiqueta - Carlos Drummond de Andrade




Eu, etiqueta
Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, premência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-lo por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer, principalmente.)
E nisto me comprazo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar,
Cada vinco da roupa
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo de outros






 Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mar artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome noco é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.
(Carlos Drummond de Andrade)

Olá!! Gente, achei esse texto muito bom e bastante atual, vou deixar aqui para vocês conferirem um vídeo com esse texto narrado, espero que gostem.




sábado, 13 de setembro de 2014

Ismália - Alphonsus de Guimaraens


Quando Ismália enlouqueceu,

Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...



domingo, 31 de agosto de 2014

O Melhor de Mim - Nicholas Sparks

Olá, gente! 

Acabei mais esse livro do Nicholas e vamos lá para mais uma resenha!!


O Melhor de Mim relata a história de dois jovens, Amanda Collier e Dawson Cole, que se apaixonaram na primavera de 1984. Ela é pertencente a uma família tradicional, a qual não aceitava Dawson devido ele vim de uma família de criminosos, que possui uma má fama na pequena cidade de Oriental. Apesar disso o casal  não vê barreiras que impeçam essa união tão forte e verdadeira criada e não se incomodam com a opinião da família e nem dos habitantes da cidade. 

Entretanto, por não querer que Amanda perca um futuro que promete ser tão promissor  e sua ingressão na faculdade, Dawson, contra própria vontade, pede que ela siga seu caminho como a família deseja, porque ele não poderia proporcionar uma vida de qualidade para ela. 
Ambos arrasados com esse triste fim tentam continuar aos poucos seus planos. 

O que eles não imaginariam era que após 25 anos a morte de Tuck Hostetler, o único que apoiava o namoro dos dois, faria com que eles se reencontrassem. Agora com Amanda já casada com um dentista chamado Frank, junto do qual teve quatro filhos; e Dawson ainda solteiro, por nunca ter esquecido o verdadeiro amor que conheceu em 1894, permanecendo sempre em sua memórias todas as lembranças. 

Quando Tuck morreu deixou três cartas que irão gerar dúvidas, incertezas, temor, mas, acima de tudo, a certeza que o sentimento que uniu Dawson e Amanda em 84 ainda existe mesmo depois de tantos anos, quando os  dois vivem e revivem momentos juntos. Após esse final de semana mudanças bruscas e inesperadas irão acontecer.



Possui um final surpreendente e que eu não imaginaria nunca que aconteceria, achei uma história bastante criativa do Nicholas, o qual novamente satisfez com mais um de seus livros. Ele conseguiu gerar dúvidas no leitor e nos últimos quatro capítulos a história dá uma reviravolta realmente surpreendente. Vale demais a pena ler e conferir também o filme que em breve irá aos cinemas, espero que seja igualmente bom. 
Vou deixar aqui no post o trailer para quem quiser conferir. 

Por favor, se puderem, curtam a página do meu blogger no face, aqui. Obg!!


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Paixão Índia - A Verdadeira História da Princesa de Kapurthala - Javier Moro

Olá, gente! 


Venho comentar sobre o livro Paixão Índia - A Verdadeira História da Princesa de Kapurthala de Javier Moro, um livro que vinha sendo ''empurrado'' devido a falta de tempo, mas ainda bem que o li. Com certeza, valeu muito a pena. 

Sinopse: 
Com mais de 300 mil exemplares vendidos somente na Espanha, Paixão Índia encanta os leitores com a história de Anita Delgado, a jovem bailarina andaluza que se transformou em princesa na Índia. Anita era apenas uma bailarina quando um marajá indiano se apaixonou por ela, construiu um palácio e a transformou em princesa, mas não em sua única mulher. Na Índia colonial do início do século XX, Anita e o rajá de Kapurthala viveram uma história de amor que provocou um inevitável choque cultural entre oriente e ocidente, mundos, na época, com costumes completamente diferentes. As outras mulheres do marajá e seus súditos viam em Anita uma ameaça à tradição hindu, o conflito entre os dois lados era inevitável. Apesar de estar cercada de vassalos e luxo, a jovem vivia na mais completa solidão.

Meus comentários: 

Um conto de fadas longe de ter um término no tradicional ''felizes para sempre'', mas sem pender seu encanto, na verdade, é uma obra maravilhosa. Afinal não é o obrigatório um final ideal, na visão romântica, para que seja um bom romance. 

Anita Delgado é uma jovem bailarina, a qual avistou o encantador rajá de Kapurthala em um desfile e nunca imaginaria o futuro que ele a proporcionaria e o tudo que vivenciaria juntamente dele. Depois do rajá ver a bela Anita dançando em sua apresentação não resistiu aos seus encantos e apaixonou- se, após várias tentativas de aproximação finalmente os pais da jovem decidem conversar com o rajá. 

Ele explicando-se disse que gostaria de casar com Anita e fazer dela a esposa, amante e amiga que desejava, além de a instruir com os conhecimentos que uma mulher da alta sociedade da época possuía e garantia que ela seria tratada como uma esposa ocidental. 
Para uma família humilde essa era uma oportunidade de mudar de vida e então, de certa forma, Anita é ''entregue'' ao rajá. Divida entre o temor de um futuro incerto e a curiosidade de um novo mundo que a espera, do outro lado do Ocidente. 


É é lá, na Índia, que a dançarina andaluza vive bons momentos com o rajá e onde nasce o filho do casal. Apesar da posição de destaque que o rajá dá a Anita em sua vida, algo começa a mudar e ela se torna triste e solitária em um país que a discrimina por sua origem e além de as outras quatro esposas do rajá a criticarem por sua liberdade e destaque feita pelo seus maridos, apesar de ser a última esposa. 



Vale a pena buscar ler a obra e conhecer o desfecho, além do lado cultural indiano, que é bastante rico de informações e detalhes na obra. E tenho que falar para vocês que na minha opinião o final de verdade é bem melhor do modo que ele é, o final ideal para mim é bem próximo do que nos é apresentado na obra. 

Por favor, quem puder, curte a página do blogger no face, aqui.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Filme Histórias Cruzadas (The Help)

Olá,gente!!




Recentemente descobri um filme muito bom e que também possui um livro, Histórias Cruzadas ( The Help). Hoje vou falar dele aqui no blogger. 



Skeeter, uma jovem a frente de seu tempo, bastante madura e decidida, (Emma Stone) almeja ser escritora, porém apenas escrevia no jornal da cidade, quando surge a oportunidade de escrever e sobre o que desejar, decide escrever sobre a situação das negras que se dedicam a cuidar da casa e das crianças da elite branca, deixando as próprias casas e filhos sem o auxílio materno. 


Essas empregadas e babás negras, nos anos 60, período em que se passa o filme, eram fortemente discriminadas pela elite. Por exemplo, como é mostrado no filme, as empregadas não poderiam usar os banheiros das patroas e possuíam então os próprios, pois estas consideravam que as negras poderiam passar doenças que não existiam na pessoas brancas. 





Entretanto era bastante difícil  para Skeeter juntar empregadas dispostas a ajudar, pois elas temiam ser demitidas, ou algo pior, como a casa ser incendiada, o que não era tão incomum naquele período. 
A empregada da melhor amiga de Skeeter, Aibillen, é a primeira a ajudar mesmo estando temerosa e ambas formam uma grande dupla para levar esse livro adiante. Logo após Minny junta-se a Aibillen e relata o que já viveu em sua vida de empregada da sociedade branca.




Porém era preciso muito mais que duas empregadas, mas nenhuma se dispunha a participar, até que Medgar Evers é assassinado e uma empregada da cidade é presa por roubar um anel de diamantes da patroa para pagar a faculdade dos filhos; então várias empregadas decidem ajudar e recheiam o livro de histórias de suas vidas como segregadas na sociedade. 





Enquanto escrevia o livro, Skeeter busca saber sobre o sumiço relâmpago da empregada que a criou, diversas vezes havia insistido com sua mãe para que contasse o que de fato teria ocorrido. Até que, finalmente, ela pode saber o que aconteceu com a empregada Constantine.

...bem, vou parando por aqui, porque já falei demais, rs.


O filme aqui no Brasil é nomeado de Histórias Cruzadas, mas o livro é A Resposta. 



Vou deixar aqui o trailer do filme: 





Espero que tenham gostado e procurem ler ou ver o filme, é muito interessante ver como era baseada a sociedade dos anos 60. 



Quem puder, por favor, curte a página do blogger no facebook, aqui.



segunda-feira, 23 de junho de 2014

Moraliza o Poeta nos Ocidentes do Sol a Inconstância dos Bens do Mundo - Gregório de Matos





Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.


In: MATOS, Gregório de. Obra poética.


sexta-feira, 20 de junho de 2014

Filme - Cartas para Julieta

Olá, pessoal!!

Hoje, vim falar para vocês de um filme que acho maravilhoso, romântico e, o melhor, tem grande parte da sua história passada na Itália, o que enriquece ainda mais o filme. Descobri que ele é adaptado de um livro, como ainda não o li, infelizmente, não vou poder fazer uma comparação entre ambos.


Conta a história de Sophie, checadora de fatos, que tem o desejo de se tornar uma escritora.Ela viaja com seu noivo para Itália para uma pré-lua de mel. A viagem tinha tudo para ser única e romântica, mas  seu noivo dedica mais tempo entrando em contato com os fornecedores dos produtos do restaurante que está para inaugura à ficar com sua noiva.

Determinada a conhecer a Itália, ela decide conhecer os pontos turísticos sozinha, enquanto seu noivo desfruta da culinária do país. Um dos locais que ela visita é a Casa de Julieta, onde muitas garotas entregam cartas, relatando suas vidas amorosas, à Julieta. Posteriormente, mulheres intituladas Secretárias de Julieta as respondem.




Interessada em conhecer mais sobre o trabalho dessas mulheres, Sophie decide ajudá-las a responderem as cartas. E será assim que um dia ela encontrará uma carta escrita há muitos anos atrás que a toda profundamente e, por isso, ela decide mesmo diante de todo o tempo passado responder a dona da carta.

'' ‘E’ e ‘Se’ são duas palavras tão inofensivas quanto qualquer palavra. Mas coloque-as juntas, lado a lado, e elas têm o poder de assombrá-la pelo resto de sua vida. ‘E se?’… E se? E se? Não sei como sua história acabou. Mas se o que você sentia na época era amor verdadeiro, então nunca é tarde demais. Se era verdadeiro, então, por que não o seria agora? Você só precisa ter coragem para seguir seu coração. Não sei como é sentir amor como o de Julieta, um amor pelo qual abandonar os entes queridos, um amor pelo qual cruzar os oceanos. Mas gosto de pensar que, se um dia eu o sentisse, eu teria a coragem de agarrá-lo. E se você não o fez, espero que um dia o faça.''
A partir do encontro com Claire, Sophie tem novas oportunidades em suas mãos, dentre elas a possibilidade de escrever uma história que possa, finalmente, a tornar uma escritora. Além disso, sua viagem pela Itália a fará questionar sobre seu relacionamento com seu noivo.


Espero retornar depois com uma resenha do livro. Deixo com vocês o trailer:




Espero que tenham gostado!

Quem puder, curte a página do blogger no facebook, aqui. Beijos!

“Duvides que as estrelas sejam fogo,duvides que o sol se mova, duvides que a verdade seja mentira, mas não duvides jamais de que te amo”. Shakespeare

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Se Tu Viesses Ver-me - Florbela Espanca

                                                         

Se tu viesses ver-me

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

Florbela Espanca

sábado, 17 de maio de 2014

Conto Uma Senhora - Machado de Assis

No conto Uma Senhora, de Machado de Assis, o autor relata sobre D. Camila, senhora vaidosa a qual não queria aceitar a velhice. 

Machado faz críticas ao desejo incessante que muitas mulheres possuem de buscar a beleza e de se importarem com a opinião alheia. Aliás, o conto pode ser trazido para a atualidade, por ser o que se perpetua ainda para muitas mulheres e até mesmo não somente no universo feminino. 

''Dir-me-á o leitor que a beleza vive de si mesma, e que a preocupação do calendário mostra que esta senhora vivia principalmente com os olhos na opinião. É verdade; mas como quer que vivam as mulheres do nosso tempo? ''
No conto, D. Camila é comparada a deusa Hebe, esta representa a juventude, e segundo os relatos da narração a beleza daquela era tanta que superava a da sua jovem filha, Ernestina.


''Eram ambas bonitas, e Ernestina tinha a frescura dos anos; mas a beleza da mãe era mais perfeita, e apesar dos anos, superava a da filha.''
Esta filha que teve sua infância prolongada ao máximo pela mãe, que a vestia como criança e também a tratava como uma; tudo para preservar sua jovialidade. 

Porém, com o passar do tempo,  Ernestina encontra alguns pretendes, entretanto a mãe repulsa essa ideia e encontra defeitos em todos esses. Juntamente com os pretendentes da filha, surge o primeiro fio de cabelo branco causando um verdadeiro desespero nela; a qual o arranca para que ninguém note.



Não podendo mais impedi-lá de casar acabou cedendo, pouco depois do casamento Ernestina tem um filho. D. Camila, agora avó, passa a ter cuidados excessivos com o neto, parecendo não a avó, mas a mãe. 

''Era o neto. Ela, porém, ia tão apertadinha, tão cuidadosa da criança, tão a miúdo, tão sem outra senhora, que antes parecia mãe do que avó; e muita gente pensava que era mãe. Que tal fosse a intenção de D. Camila não o juro eu [...]...Tão-somente digo que nenhuma outra mãe seria mais desvelada do que D. Camila com o neto; atribuírem-lhe um simples filho era a coisa mais verossímil do mundo. ''

Trechos do conto:  


''D. Camila [..]...será Hebe, deusa da juventude; a senhora nos dará a beber o néctar da perenidade com as suas mãos eternamente moças.''
''Nenhum defeito, pois, exceto o de retardar os anos; mas é isso um defeito? Há, não me lembra em que página da Escritura, naturalmente nos Profetas, uma comparação dos dias com as águas de um rio que não voltam mais. D. Camila queria fazer uma represa para seu uso. ''

Espero que tenham se interessado pelo conto. Vou deixar o link, aqui,  do conto integral  no blogger. E uma peça realizada por alguns alunos sobre o conto.  




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